quarta-feira, 25 de abril de 2012

Não era, era só

Talvez devesse começar declarando que seus olhos se encontraram em um flash, tal qual amor à primeira vista... Mas não foi assim. Seus olhos não se encontraram como em uma comédia romântica, tampouco o tempo parou. De fato, sequer pode-se dizer que essa história envolve amor.
Não se iluda, aqui não há vez para fantasias.
Declaro, logo de antemão, tratar de nada mais que realidades. O desejo, por exemplo, é uma delas.
Se desejavam tanto que o "amor", como conhecem, não tinha vez naquela relação. Não mantinham segredos, mentiras ou traições. Viviam para satisfazer suas vontades, sem nunca escondê-las de ninguém. 
"Se felicidade guiasse-os a ir à esquina e voltar, quem eram eles para questionar?" - perguntou-se o rapaz, ignorando os sussurros, um tanto quanto suplicantes, da mulher em seus braços.
As únicas preocupações naquele momento eram os movimentos de seus lábios e o vai e vem dos peitos fartos, dançando conforme o ritmo de suas respirações.
Não era amor, de forma alguma. Ou, talvez, até fosse. Mas não como daqueles de contos de fadas.
O que os prendia, homem e mulher modernos do século XXI, e ainda sim tão primitivos, era o desejo incontrolável de pertencerem-se um ao outro, nem que apenas por algumas horas. Quem sabe, com sorte (ou azar), dias...
Não importava.
Se tinham naquele momento. Não havia necessidade de conjurações ou hipóteses, como "futuro". Possuíam-se, ali, no presente mesmo, sem dúvidas ou (falsos) pudores. Sem perder tempo pensando no que poderia ou não acontecer.
Seus corpos, suas mentes... funcionavam em uma sincronia quase perfeita, prevendo as carícias um do outro. Talvez estivessem apaixonados.
Mas, não, de forma alguma era amor.