domingo, 19 de maio de 2013

Malandro Exemplar


(Não) Há razão
para se preocupar.
A melodia segue
desde que o malandro seja exemplar.
Observa, sente o samba.
Dança, mas nada satisfaz.
“Deveria ter lustrado os sapatos”,
pensa o coitado.
Pendura a conta,
balanceia,
quase cai.
O sorriso no rosto...
O chapéu desgastado...
Quase não lhe servem mais.
Em sua bossa desajeitada
elegante e despropositada,
sofre a dor pelos cantos,
Vielas escuras, madrugadas
gente estranha.
Quer achar o que não se pode procurar.
Mal sabe ele...
Ninguém o alertara.
Mas os arcos são sombras distantes,
fotografias que não voltam mais.
Piscou, num instante,
e não tinha mais nada.
Sem vida, nem navalha pra afiar.
Limpa a poeira da pose,
quebra o copo,
é expulso do bar.
Já era,
O malandro exemplar.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Morte Súbita


São épocas longínquas

que ainda assim
escolhem me fazer lembrar
detalhe algum lhes escapa.
Nada falta. Só parece faltar.
Nos enganam,
surgem mansas
desamparadas,
como quem não quer
Nada.
Mas quer.
Surgem sorrateiras
por debaixo da escada.
Não percebo.
Ela ou ele? Importa?
Vai saber....
Se esconde.
Vem e, num repente,
(já) tomou tudo.
Até mesmo o que não poderia dar.
Se esqueceu das coisas,
mas não pode deixar de lembrar.