segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

"Deixa estar, jacaré..."

Apertei, mas larguei assustada. Tinha o cheiro e a voz dela, sussurrando terna no meu ouvido. Acalentando-me e, sem sequer uma palavra, garantindo apoio incondicional para qualquer uma de minhas loucas travessuras.
"Levada da breca..."
Eu disse para mim mesma, como se assim pudesse ouvi-la novamente, proferindo exatamente as mesmas palavras, com aquele tom divertido, que lhe era tão peculiar.
Virei de lado.
"... tua lagoa há de secar..."
Fotos e mais fotos, imagens congeladas de momentos e pessoas que deixaram muito mais do que mera saudade.
Sinto ainda as mãos frias nas minhas, como se as segurassem para atravessar a rua.
Tão frias... "E o coração quente", sempre dizia. E eu sempre acreditei, porque, para mim, não poderiam haver corações mais quentes do que aqueles. Entretanto, até os mais calorosos sofrem, até eles param.
Estavam os dois juntos de mim. Ela e ele. A voz e o toque, que por tanto acreditei, ou ao menos pensei acreditar, ter esquecido.

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