Vejo rostos nas ruas,
vidas que vem,
passam,
vão...
Crio suas histórias,
mas de que me valem
histórias assim?
Só contar as suas vidas
não é mais nada,
não importa pra mim.
Quero saber
o sabor
de suas entranhas
seus dentes, olhos,
Destinos.
Quero saber o que sentem
quando sentam de noite
sozinhos.
Quero suas sensações
seu tato, sua cor.
Como vêem, o que lembra
cada som, cada odor.
para duas meninas que sonham com escrever refantasiarem sobre o mundo estranho em que vivem e comem e estudam.
quinta-feira, 25 de julho de 2013
domingo, 7 de julho de 2013
“Tenho fome...”
Uma vontade doida de ir e vir, de poder falar e decidir.
Me olham como se isso fosse estranho. Enquanto eu olho de volta sem entender, achando interessante que para eles soe tão peculiar, o que dentro de mim parece ser tão normal.
Talvez no meu mundo tudo fosse mais fácil. Ou, talvez, no mundo deles é que fosse realmente tudo mais difícil...
“Tenho fome...”
As lâmpadas piscando parecem insanidade. São os meus olhos. Parece que não funcionam à noite, vejo ainda pior do que de dia. São sombras nebulosas, como óculos com lentes de algodão doce. Pegajosas e borradas. Algo como olhar pra fora de um avião e só ver nuvens brancas ofuscadas pelo sol, sem saber bem onde termina uma e começa outra, se é que alguma delas tem fim.
“Tenho fome...”
Nesse emaranhado de algodões, nuvens e luzes apagando e acendendo, imagino se não temos, afinal, as mesmas dificuldades e, por conseguinte, as mesmas vontades.
Me dizem que fome é de comida. Repetem que é tudo loucura. Que gente direita não sente fome de ser que nem borboleta ou dente-de-leão.
Deve ser a neblina, não devem estar enxergando direito.
Lavo o rosto, esfrego...
Quem sabe não melhora?
Não. Nem assim dá jeito... Afinal, muito estranho isso de não poder ter opinião.
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