sábado, 11 de junho de 2011

"Observava seu rosto,

sem entender nada ou, melhor, desejando não compreender. Era apenas mais um daqueles momentos nos quais se via insensível. Nada lhe trazia reação ou, pelo menos, a reação que deveria lhe trazer. Virou-se, mais um espelho... Não. Alguém a observava. Virou-se, continuavam ali. Eram olhos. Olhos dele, olhando nos olhos dela... Em verdade, ele sentia algo, podia dizer pela expressão angustiada. Não eram um só, como pensara. Afinal, nada era eterno. Foram inseparáveis, de fato, durante um bom tempo. Doía, então. Doía perceber que as coisas não eram mais tão perfeitas. Mas doía nele, não nela. Ela não podia sentir, não queria e nem conseguia.
Eram corpos separados, unidos por acasos, os quais provavelmente serviriam para separá-los mais tarde – sempre tivera essa certeza. Nada dela, nenhuma reação. Sua face estava pálida e apenas encarava-o, tentando adivinhar o que deveria fazer, tentando escolher entre a resposta mais honesta ou a mais apropriada àquele tipo de declaração... “Eu te amo”, ele dissera. “Eu te amo”, ele repetira.
Mas nada dela."

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