domingo, 18 de março de 2012

Já posso acender meu cigarro.

Chuva me faz querer fumar - e fazer sexo - e esse apartamento cheio de nada me irrita. Tudo ainda está dentro de caixas, malas e enormes embalagens de plástico bolha. Odeio mudanças. Uma incrível quantidade de poeira consegue invadir os lugares mais imporváveis e há sempre coisas perdidas. Tenho certeza que dessa vez será um dos meus livros de direito internacional. Ou uma das minhas poucas calças jeans.
O burburinho lá fora diz que já era hora do Daniel ter chegado com a comida - provavelmente de um daqueles restaurantes asiáticos só para entragas e take away - estrangerismo babaca mas sem tradução bonita o suficiente. É incrível como as pessoas fazem barulho ao sair da igreja. Estamos no terceiro andar e ainda dá para ouvir as conversas sobre o sermão do padre dessa noite, a coragem daquela depravada de ir se comungar e todas essas mesquinharias dos bons cristãos. O fato de termos vindo morar em frente a uma igreja seria cômico, não fosse trágico.
Hora de abrir a janela e acender o maldito cigarro. Culpa sua por não chegar na hora e me deixar com fome esperando, então não reclame do cheiro quando entrar. O modo como o vento úmido bate é delicioso, mas aposto que vai acabar estragando todos os fios da casa. Cadê esse maldito? Bem, então, foda-se.
Já posso acender meu cigarro.

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