Carinhosamente embrulhadas e amarradas a laços de seda, as caixas parecem, na verdade, pequenos cofres, cuja combinação nunca soube. Abria-as instintivamente, como se um pequeno toque apenas pudesse revelar a história de toda uma vida, ou mesmo de várias.
Eram sempre verdades passadas, que talvez agora já sejam mentiras. Nem todas são boas, ou necessariamente ruins. Mas todas, de uma forma ou de outra, me sufocam. O desespero está em sentir falta daquilo que sempre desejei ser e não sou... Em ser esmagada pelo que esperava que fosse, mas não é... Não me sinto chorar, mas choro. Talvez grite, mas nunca ouvi.
Às vezes as caixas estão vazias... E, às vezes, me dizem mais do que se estivessem cheias.
Há caixas cheias de nada. Há caixas cheias de tudo. Há tanto no nada. Há nada no tudo. Parece-me que importa mais abrir o armário e desembrulhar as caixas que, propriamente, o conteúdo que cabe nelas. Simbolicamente, abrir as caixas enfeitadas de laços de fita é um ato de infinita coragem. Porque quem sabe que fantasmas existem dentro delas? Ou dentro de nós mesmos?
ResponderExcluirBelíssimo texto, Tamara. Muitas caixas sejam desembrulhadas ao longo da sua vida. O nada e o tudo cabem dentro de nós.
Um beijo,
Aninha (você vai entender)