domingo, 21 de abril de 2013

"Bom dia, o que vai querer?"

Uma vez lera - num desses anúncios baratos de autoajuda - que o primeiro passo para a “felicidade” seria tornar-se o personagem principal de sua própria história.

“Senhor?!”


Riu, mais para não chorar das próprias desgraças do que por humor. Via-se tão incapaz quanto o primo distante (do tio) do personagem secundário da história. Aquele que não é mencionado nem quando o autor não sabe mais sobre o que, ou quem, falar.

“Com licença, o senhor já escolheu o que vai querer?!”

Talvez felicidade fosse mais sobre Física.... Em algum momento, há muitos anos atrás, lembrava vagamente de ouvir um professor falar sobre ‘uma lei aí’, dessas muito importantes e relevantes ao cotidiano e ‘coisa e tal’.... Um objeto em inércia tende sempre a permanecer na inércia. Ou algo parecido...

“Senhor, se não vai fazer o pedido, terei que pedir que se afaste do caixa para que eu atenda o próximo cliente.”

Mas, ali estava: completamente inerte, preso na piedade auto-depreciativa do conhecimento, na angústia de não saber sequer que tipo de café escolher.
Olhei para a enorme fila de rostos irritados atrás de mim, estranhando a presença de pessoas a minha volta. Assustado, tirei uma nota amaçada do bolso traseiro da calça jeans.

“Um café comum, por favor. Médio.”

Um comentário:

  1. Tudo o que eu tinha que te dizer, eu surtei contigo nas mensagens! Outro texto maravilhoso Tamara! Será que é possível me apaixonar mais ainda pelas coisas que você escreve? :D
    Adoro os temas e as particularidades das situações, problemas e histórias de cada personagem. A forma como você os aborda e os torna universais é incrível!

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