segunda-feira, 29 de abril de 2013

"Se for tecido, insisto, jamais hei de ser retalho."


Na próxima vida - já que nessa não rola - quero ser algo que não precise de conserto. Uma dessas coisas 100% perfeitas ou irremediavelmente alquebradas, do tipo tão errado que mais vale à pena comprar outro do que pagar o reparo.

Vovó que me desculpe! Essa mania de remendos nunca foi a minha, e nem há de se tornar. Seus casacos tricotados à mão, claro, eu guardo com carinho, sem remendos ou quaisquer costuras adicionais. Se gosto de abraçá-los e me esquentar neles durante as noites frias é porque estão - fora um leve desgaste e algumas peripécias de traças - do mesmo jeito em que me foram entregues, recém-produzidos, há pouco mais de 24 anos e 7 meses atrás...

Mas, quando perguntarem, sim, admito, e respondo que sou mesmo é um típico produto dessa sociedade capitalista-consumista, que vê mais sentido em jogar fora do que reciclar.

Pois se quebro um pedaço, ou racho e arranho o que for, hei de declarar-me logo esgotada! Boa pra nada, nem pra sobra, nem pra penhor.

Se for tecido, insisto, jamais hei de ser retalho.

Um comentário:

  1. Boa metáfora... entretanto, certos tecidos de qualidade, mesmo retalhados e consertados e recosturados são extremamente melhores e mais duradouros do que um que a opção de troca pelo 'zerado', coisa tão típica dessa nossa sociedade capitalista consumista predadora selvagem viciadora das futilidades humanas que não progride e só degrada o que resta de humano no íntimo do ser humano... ufa... é isso! Mais um belo texto... parabéns! Bjs

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